Os programas de leitura de BH e os poemas eróticos de Drummond na Academia
Aqui refletindo sobre os índices de leitura em Belo Horizonte. Pesquisa recente do IBOPE deu que nossa cidade é a que mais se lê no País. Pois bem, olhando ao redor:
A Academia Mineira de Letras, capitaneada pelo bom Olavo Romano, está com uma bela programação. Antes disso, colocou no ar um ótimo site, funcional, fácil e detalhado. Vejam lá! E com uma agenda de primeira, o projeto “Autor na Academia” trouxe, recentemente, Marina Colasanti; vai fazer, em parceria com o Flibh, mais uma edição do “Sarau na Academia”, no dia 23, com Érica Lima, Rodrigo de Freitas e meu irmão, o poeta Sérgio Fantini, falando sobre o livro “O Amor Natural”. É o livro de poemas eróticos de Carlos Drummond de Andrade, que ficou escondido até muito depois da sua morte. Eu tive acesso a uma cópia, anos e anos atrás, que me foi repassada, em páginas de cópias xerox meio amareladas, pelo bibiliófilo José Mindlin.
Eu li até as páginas se gastarem, afinal, era o grande segredo do poeta de Itabira. E quem não conhece, atrevam-se !! São poemas em prosa, lindos, exuberantes, eróticos e corajosos. Enquanto falo com vocês, dei uma lida em vários e… ficou difícil escolher um para falar aqui. Mas eu me atrevo e que me perdoem os ouvintes que pegaram a coluna agora, e não ouviram o início: eu vou falar um poema erótico de Carlos Drummond de Andrade, que se chama:
A BUNDA, QUE ENGRAÇADA
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora — murmura a bunda — esses garotos ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas em rotundo meneio. Anda por si na cadência mimosa, no milagre de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas avolumam-se, descem. Ondas batendo numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda, redunda.
Bem, amanhã eu falo mais das outras iniciativas que fazem desta a Capital da Leitura no País: o Ofício da Palavra, no Museu de Artes e Ofícios, os programas “Digas – Poesia Falada” e o “Caro Leitor”, do Sesc Palladium e da Fundação Municipal de Cultura. E você? Conhece alguma programa, ou projeto de leitura em seu bairro? Manda pra gente!
Minha sugestão de leitura de hoje vai para o livro “A Divina Jogada”, de José Santos, destinado ao público infanto-juvenil. Mas dele eu falo depois. É genial.
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